quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Manutenção da Biodiversidade

Por João Nóbrega Junior
Especialista Ambiental

Os diversos impactos gerados pelas atividades humanas, acrescidas ao aumento da população, geram, de maneira assustadoramente rápida, uma degradação generalizada do ambiente natural. O assunto tem atraído a atenção dos mais diversos setores da sociedade, uma vez que passa a ter influência direta na vida das pessoas. Levantamentos da Convenção sobre a Diversidade Biológica apontam que, devido às atividades antrópicas, a taxa de perda de espécies chega a cem vezes quando comparada à da extinção natural e vem crescendo a cada dia.
Abelhas Jataí
A UNESCO implementa, desde 1957, o chamado Ano Internacional, que a cada ano escolhe um tema como prioridade para a agenda socioambiental do mundo. O ano de 2010 que se encerra foi o Ano da Biodiversidade, com objetivo de sensibilizar a sociedade civil e tomadores de decisão em relação às questões da sustentabilidade, refletir sobre as conquistas para salvaguardar a biodiversidade, bem como empreender mais esforço no sentido de reduzir o índice de perda de biodiversidade.

A biodiversidade foi definida na Conferência do Rio (ver artigo 2010: O Ano da Biodiversidade). De maneira mais simplificada, é constituída pelos seres vivos em seu conjunto, pelo material genético e pelos sistemas ecológicos dos quais fazem parte.

Há um grande trabalho a ser feito, posto que a população, de maneira geral, ainda permanece alheia ao tema — possivelmente por desconhecer a real importância deste em sua vida diária, em sua saúde, economia, entre outros. E este desconhecimento pode estar relacionado à ineficiente comunicação entre a comunidade científica e a sociedade.
Porém, este não será, no momento, objeto de discussão.
A economia depende diretamente dos serviços ambientais e, estes, da biodiversidade para que funcionem. A eliminação de uma espécie ou a interrupção de um processo ecológico pode colocar em risco toda uma cadeia produtiva e as pessoas que desta fazem parte. A estocagem de carbono, a manutenção da fertilidade do solo, a produção de chuvas e outros serviços ambientais têm grande importância para todos os setores produtivos e, diretamente, para nossa saúde.
Existem áreas no planeta que grupos de cientistas do mundo inteiro, após estudos diversos, apontaram como hotspots. Pra entrar na lista dos 25 pontos críticos, uma área deve possuir pelo menos 1500 plantas endêmicas e estar reduzida a 25% ou menos de sua vegetação original. O Brasil é o país com os mais altos índices de riqueza natural do mundo, tem o maior número de espécies do que qualquer nação. No Brasil são encontrados 2 hotspots: a Mata Atlântica e o Cerrado.
Nas florestas, está grande parte da biodiversidade mundial. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, as florestas representam 31% da cobertura terrestre do planeta e servem de abrigo para 300 milhões de pessoas de todo o mundo, além de garantir, de forma direta, a sobrevivência de 1,6 bilhões de seres humanos e 80% da biodiversidade terrestre.
A Folha
2011 foi declarado pela ONU como o Ano Internacional das Florestas, e o objetivo é sensibilizar os seguimentos da sociedade em relação à importância de sua preservação, como fator essencial para a manutenção da vida no planeta. Durante todo o ano, visa-se promover ações de incentivo à conservação e à boa gestão deste recurso, evitando os efeitos negativos da devastação como perda direta da biodiversidade, agravamento das mudanças climáticas, estímulo aos assentamentos clandestinos, entre outros.
O assunto é amplo, requer muitas discussões no sentido de adequar a preservação com a exploração racional. Essas discussões devem ser abertas, envolver os diversos setores da comunidade, a classe política, cientistas, empresários, entre outros, para que se definam metas claras, e que se repense a relação homem-ambiente natural, enquanto há tempo.

João Nóbrega Junior

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